A definição de Esparta

Hoje o Diário Histórico apresenta um texto de um grande estudioso da cultura grega, José Ribeiro Ferreira, que demonstra claramente o que define a pólis de Esparta.
"Esparta é um caso paradigmático deste empenho dos Gregos pela guerra. Essa pólis era uma máquina de combate: vivia para ele e em função dele. Verdadeira cidade-quartel, as suas instituições haviam sido pensadas e dispostas para que os cidadãos estivessem sempre preparados e prontos a entrarem em combate.
Como é sobejamente conhecido, na Lacedemónia as crianças pertencem ao Estado desde que nascem e a partir dos sete anos são educadas pela pólis que lhes dava uma preparação fundamentalmente de índole física, ao ar livre, e toda ela virada para a intervenção na guerra. Proibidos de se dedicarem a trabalhos manuais, os jovens espartanos, sujeitos a uma vida parca e austera, viviam em comum, divididos em grupos, dirigidos pelo mais avisado de cada um desses corpos, e aprendiam a obedecer e a suportar a fadiga e a dor, a falar de forma concisa e sentenciosa, ou seja a serem lacónicos. Também as jovens tinham uma educação ao ar livre, em que o exercício físico predominava. Esparta queria fazer delas mães robustas que pudessem dar à pólis futuros cidadãos robustos.
Atingida a idade adulta, com um vida familiar muito limitada, continuavam a viver em grupos, tal como combatiam, obrigados a tomarem um refeição diária em comum nos chamados syssitia, e eram sujeitos a preparação física e a treino militar constantes, de modo a encontrarem-se sempre prontos a entrarem em combate.
Esparta considerava todas as outras atividades - agrícolas, comerciais, industriais ou artesanais - indignas de homens livres; para essa pólis apenas a guerra, e a sua consequente preparação, prestigiava e dignificava os cidadãos. Por isso proibia estes, os "Pares" (Homoioi), de se dedicarem a qualquer outra ocupação."
Ferreira, José Ribeiro. A Grécia Antiga. Sociedade e política, Lisboa, 1992.
#diariohistorico
#Esparta