Morte de D. Afonso Henriques

27-12-2019

Afonso Henriques nasceu a 25 de julho de 1109, com os pais D. Henrique da Borgonha e D. Teresa.
Os nobres francos (D. Henrique e D. Raimundo) morrem alguns anos depois e as filhas do rei ficam viúvas (D. Teresa e D. Urraca). D. Urraca vai casar com o rei de Aragão (Afonso "o Batalhador") e D. Teresa vai autoproclamar-se rainha e casar com o conde da Galiza, Fernando Perez de Trava.
Os nobres portucalenses não gostaram desta aproximação da D. Teresa ao conde da Galiza que assim perdiam a autonomia do condado e se viam no condado da Galiza. Então vão apoiar o filho de D. Teresa, Afonso Henriques, que se afirma como o revolucionário na afirmação de Portugal como reino independente.
A Batalha de São Mamede, em 1128, vitória dos partidários de Afonso Henriques que viam assim o Condado Portucalense separado da Galiza e das pretensões da D. Teresa (que foi presa num castelo na Galiza).
D. Afonso Henriques foi visto como um instrumento da vontade divina para a existência de Portugal.
O Tratado de Tui, em 1137, um tratado que Afonso Henriques assinou com o rei Afonso VII de Leão e Castela, onde foi discutido uma pacto de não-agressão.
A Batalha de Ourique (1139) contribuiu para uma narrativa divina de legitimação para a monarquia portuguesa. Na qual Afonso Henriques derrotou um exército muçulmano, onde persiste a dúvida do local da batalha.
Mas os nobres portucalenses não se esquecem que foram eles que colocaram Afonso Henriques no poder e um dia queriam lhe prestar contas.
Então Afonso Henriques vai para sul, para Coimbra, onde está na linha da frente da reconquista e está mais afastado do centro dos nobres portucalenses que não lhe podiam cobrar os dividendos. Permite-lhe libertar-se da pressão da nobreza portucalense.
Entretanto, em 1143, chegou à Península o legado do papa, o cardeal Guido de Vico, que além de vir conhecer e avaliar as novas realidades políticas e eclesiásticas hispânicas, como representante do poder papal.
Afonso Henriques aproveitou a ocasião para prestar vassalagem ao papa como cavaleiro de S. Pedro, comprometendo-se ao pagamento de um censo anual em ouro e não reconhecer nenhuma autoridade que não a da Santa Sé. D. João Peculiar foi, de certo, um dos grandes impulsionadores desta ideia de independência face a Leão e Castela.
O poder almorávida sofria por esta altura um processo de enfraquecimento, fragmentando-se de novo em reinos de taifas. No caso português, as grades conquistas foram as das importantes cidades de Santarém e Lisboa, que não só permitiram um grande avanço para sul como também o controlo da linha do Tejo.
Santarém e Lisboa foram conquistadas em 1147. Na conquista de Lisboa, Afonso Henriques contou com o apoio dos cruzados, que dirigiam-se para a Terra Santa. Implicou um longo cerco (3 meses), que em 14 de outubro caíra nas mãos dos cristãos. Estes acontecimentos foram narrados por um cruzado normando.
Além de Santarém e Lisboa, Afonso Henriques também conquistou outras praças, ainda mais a sul, como Sintra, Almada, Palmela, e tentou atacar Alcácer do Sal.
As campanhas posteriores foram menos decisivas do que estas, e entretanto chegaram os almóadas vindos do norte de África, submeteram todas as taifas Almorávidas.
Nessa nova fase, o rei procurou mais auxílios, nomeadamente junto das ordens militares, como a do Templo, à qual foram doados amplos domínios, assim como os direitos eclesiásticos de Santarém. De entre essas doações, destaque-se a do castelo de Ceras, depois substituído pelo de Tomar, que se tornou a sede dos templários em Portugal. (na imagem seguinte, a doação de D. Teresa (1128) do castelo de Soure aos Templários, a primeira doação feita em solo português)

Os templários ficaram na posse de importantes posições estratégias junto ao rio Zêzere (como o castelo de Almourol, que vemos na foto, numa ilhota do Tejo), assim como encarregados da defesa de Santarém e Lisboa.

Outro fator em que o rei se apoiou foi os monges cistercienses, a quem doou um vasto território seu para cultivar e povoar, aí construindo aquele que se tornou o mais importante da ordem de Cister em Portugal: Alcobaça. Mas também na região beirã houve um importante aglomerado monacal cisterciense, como: Tarouca, Lafões, Salzedas, Maceira-Dão, etc.
Era importante a doação, por parte do rei, à ordem de Cister, porque é de assinalar a enorme quantidade de arroteamentos que os monges possibilitaram, assim era importante povoar as regiões e praticar agricultura, que garantia a subsistência dos monges, nas cerca dos mosteiros.
Também os eremitérios, ou seja, lugares onde viviam eremitas, homens devotos que desejavam viver em solidão e pobreza.
D. Afonso Henriques recebeu ajuda de bandos de aventureiros que se lançavam em operações de pilhagem contra praças sarracenas - um célebre Geraldo Sem Pavor, ficou conhecido por na segunda metade da década de 1160 conquistou um largo número de fortalezas com o seu bando de cavaleiros. Foi assim que se sucedeu em Évora. Conquistou inúmeras praças, como: Beja, Évora, Moura, Serpa, etc.
Em 1169, foi atacada a cidade de Badajoz, de grande valor estratégico, por ser o centro do sistema de defesa do Ocidente peninsular. Geraldo pediu ajuda a Afonso Henriques, que acorreu ao seu pedido; mas Fernando II não tinha intenção que Portugal conquistasse esta fortaleza. Por isso, Afonso Henriques encontrou problemas nesta conquista. Ao tentar fugir, partiu uma perna e foi capturado pelos homens de Leão. O rei voltou para Coimbra, depois esteve em tratamentos em S. Pedro do Sul e não voltou a cavalgar.
A organização do território é um fator muito importante para o povoamento do território, não basta conquistar os lugares; é necessário criar estruturas administrativas e eclesiásticas, garantir o povoamento, legislar sobre as formas de vida. A tudo isso teve de dar atenção, também Afonso Henriques.
Após o desastre de Badajoz, Afonso Henriques associou ao governo do reino o seu herdeiro, Sancho, e não mais voltou a sair de Coimbra.
A independência de Portugal, embora reconhecida apenas em 1179 pelo papado, já se encontrava nessa altura consolidada. (Bula Manifestis Probatum pelo papa Alexandre III)
A guerra tornava-se cada vez mais dura e necessitava de especialistas. Do lado cristão, que é o que de momento nos interessa, esses especialistas vão ser encontrados no seio das ordens militares, que ganhavam cada vez mais protagonismo. Os templários mantinham a linha do tejo; os cavaleiros da ordem de Santiago da Espada, nesta altura ainda sediados no reino vizinho, recebem diversas praças na Beira Interior e no Alentejo. Em Évora formou-se a ordem de Avis.
A política de concessão de forais continuou, sendo de destacar a concessão em 1179 de forais semelhantes a Santarém, Lisboa e Coimbra.
Em 1185, quando D. Afonso Henriques morreu, septuagenário, o reino estava bem encaminhado, mas a ameaça Almóada era preocupante, o que trouxe muitos problemas para o próximo rei, D. Sancho.
D. Afonso Henriques está sepultado no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.
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