O LATIM NA SOCIEDADE MODERNA
Nesse sentido é muito importante relembrar as palavras de Luís Filipe Sá Reis no "Diário de Coimbra": nós "utilizamos a nossa língua mãe mais vezes do que julgamos: concorremos a um emprego e enviamos o curriculim vitae; mudamos de apartamento para comprarmos um duplex; adquirimos roupa na Vivere e na Decenio; saboreamos um gelado magnum; lemos E pluribus unum no emblema do Benfica; comemos chocolates Mars e queijos Terra Nostra; bebemos águas Luso, Vitalis e leite Agros; folheamos as revistas Quo e Lux; adquirimos um Clio, ou um Fiat Uno, ou um Focus, com ou sem Turbo; lemos Primus inter Pares nos maços de tabaco SG Ventil, e Veni, Vidi, Vici no Marlboro; lavamo-nos com Sanex; hidratamo-nos com Nívea; jogamos Lego; compramos na Vobis, na Natura e na Imaginarium; metemos gasolina Super; temos um telemóvel da Optimus ou um telefone com ligação à Novis; contribuímos para a Caritas; queixamos-nos à Quercus; relaxamos no SPA (Salus per aquam) de um hotel; o nosso esquentador é Vulcano; usamos lentes Varilux; temos um primo que trabalha na Securitas; realizamos um exame ad hoc; possuímos um estilo muito sui generis; desejamos Carpe diem aos nossos amigos; arranjamos um alibi quando vamos responder a tribunal (Domus Iustitiae); repetimos ipsis verbis um conselho que nos deram; passeamos no Forum, analisamos a narração in media res; estudamos o Homo Sapiens e o seu Habitat; passamos à tangente; calculamos o rendimento per capita; terminamos uma carta com um P.S. (Post Scriptum); etc (et cetera)"... [edição de 3 de julho de 2006: p. 8]
É imperioso voltar a aprender uma língua com uma dimensão cultural riquíssima, em que é necessário enfrentar o desconhecido, pois a ignorância é um conhecimento permanente.