Será que com esta justiça vamos alcançar a igualdade?

A história é uma ciência tão fascinante, como paradoxal. Permite-nos estar em contacto com realidade passadas que são transportadas para o presente.
As expansões europeias permitiram entrar em contacto com o outro - o desconhecido, o inimaginável, ligando, pela primeira vez, continentes, culturas e civilizações. Portanto, foi um marco que veio revolucionar a história humana.
A colonização foi realizada no sentido de superioridade europeu, face ao povos indígenas - todos temos que ter esta consciência.
A história é tão fascinante, pois as sociedades passadas parecem que viveram num mundo diferente, tão distintas que são da atualidade. Mas é esta diferente que temos de tolerar e aprender a não cometer os erros do passado de intolerância. Saber compreender a história é ter a decência de tolerar o outro, pois este outro é humano, que viva noutra realidade espacial e temporal. Não é concebível julgar mentalidades passadas com os nossos estereótipos do séc. XXI. A escravidão, o racismo e a intolerância são claramente condenáveis e impróprios para os nossos valores humanísticos. Mas não eram condenáveis ao longo da Época Moderna. Temos que ter a noção que a violência, a intolerância e as desigualdades faziam parte do quotidiano dessas sociedades.
A crítica deve ser feita e tem de ser feita, porque tudo tem que ser criticado, mas não vamos fazer da história um tribunal e julgar personalidades passadas em praça pública. O radicalismo, ao longo da história, já provou que não é solução para combater desigualdades e injustiças.
Assim, condenamos veementemente os atos de vandalismo que estão a ser implementados, um pouco por todo o mundo, às estátuas, que são símbolos do nosso património histórico e artístico. Se a história nos pode ensinar algo, é que a intolerância só gera mais intolerância e discriminação. Compreender as sociedades passadas é fundamental para percebemos o presente e construir o futuro.
Como refere Francisco Bethencourt, um grande historiador sobre as questões do racismo: "Quanto mais conhecemos o passado, mais nos livramos dele". É esta a mensagem que gostaria de transmitir à comunidade do Diário Histórico, que a tomada de consciência que a escravidão aconteceu, mas não podemos julgar com os nossos preceitos atuais, até porque não há nenhum país que não tenha problemas com o passado e com mágoas do passado. Mas é com isso que se pode conciliar com o passado e construiu um futuro mais tolerante.
Em suma, a tolerância será a base primordial num diálogo ecuménico entre todas as civilizações, religiões ou culturas, só assim poderemos ter um futuro respeitador onde todos têm voz.
Saudações históricas!